Dois Extratos de um Bestiário – um conto de André Klojda
«O imperador tentava andar apenas nas duas patas traseiras, apesar de não conseguir conter o balançar da cauda rija, tal qual um espanador velho, enquanto se dirigia até o trono.»
«O imperador tentava andar apenas nas duas patas traseiras, apesar de não conseguir conter o balançar da cauda rija, tal qual um espanador velho, enquanto se dirigia até o trono.»
"Seus olhos perdidos foram fisgados pela moça que passava saltitante, sorrindo para o dia e para o mundo inteiro – sorriu também para ele, o pipoqueiro, que, por um momento, sentiu-se aliviado do fardo da melancolia. A alegria da moça tinha esse poder. Infelizmente, ela era rápida, leve, quase flutuava, e logo sumiu entre as pessoas e as árvores."
- por Andre Klojda "Aproximava-se o horário do fim do expediente, e Maria ainda não conseguira parar um momento sequer naquele dia: “Venha aqui”, “Vá acolá”, “Ajude-me um instante!”, suas colegas pediam. Com comovente solicitude, sem palavra agressiva ou mau pensamento, Maria atendia a cada uma."
“Não a amo. Nunca a amei, durante todo esse tempo, e estou convicto de que não posso amá-la, sob qualquer condição que seja. Não é essa a relação que estamos destinados a manter. Somos, os dois, presa e predador um do outro; talvez por isso eu enxergue tão nitidamente, indissociáveis, sua ferocidade e sua doçura.”