Ficção

Contos e Crônicas

Otelo – por Andre Klojda

“Seus olhos perdidos foram fisgados pela moça que passava saltitante, sorrindo para o dia e para o mundo inteiro – sorriu também para ele, o pipoqueiro, que, por um momento, sentiu-se aliviado do fardo da melancolia. A alegria da moça tinha esse poder. Infelizmente, ela era rápida, leve, quase flutuava, e logo sumiu entre as pessoas e as árvores.”

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Contos e Crônicas

O Caso Misterioso do Assassínio do Relojoeiro

– Gabriel Coelho Teixeira

A lua vai alta. Abaixo, uma rua paira deserta. A madrugada avança. Na via pública as lâmpadas são escassas. Os halos de luz provenientes da queima do querosene são fracos, impotentes contra a força opressiva da noite. Em vez de se oporem à escuridão, incorporam-se nela, evocando ares fantasmagóricos.

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Contos e Crônicas

Heloísa

– por Matheus Bensabat

Quando Heloísa completou a última volta na coroa, percebeu que a filha se encaminhava para a sala. Deixou o bastidor sobre a mesa e guardou os carretéis na caixa de costura, mirando-a. Amanda dirigiu-lhe um olhar pesaroso e culpado, desviando-o em seguida, encostando as costas no batente da porta. As olheiras destacavam-se no rosto alvo, e os passos, curtos e cadenciados, mostravam-na acuada. A mãe deteve-se, primeiro, nos machucados da mão, que ela não conseguira ocultar, e pelo olhar da filha, entendeu tudo. Heloísa começava a sofrer.

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Contos e Crônicas

Maria – por Andre Klojda

– por Andre Klojda

“Aproximava-se o horário do fim do expediente, e Maria ainda não conseguira parar um momento sequer naquele dia: “Venha aqui”, “Vá acolá”, “Ajude-me um instante!”, suas colegas pediam. Com comovente solicitude, sem palavra agressiva ou mau pensamento, Maria atendia a cada uma.”

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Contos e Crônicas

A casa, o sal

– por Juliana Amato

“Não é possível saber a expressão de ambos sem chegar mais perto, e então vê-se a mulher em silêncio e lábios semicerrados, e o homem em silêncio e lábios semicerrados. Sem palavras, só o som assoviado do vento. O homem e a mulher caminham juntos em direção à casa, como se tivessem saído do mar,

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Contos e Crônicas

Memórias da casa nova — até que seja a sua casa

-por Juliana Amato

“Até que isso aconteça, que a casa se acostume com a sua presença, ela também dá os seus sinais de insatisfação: vaza a pia da cozinha, a porta de correr emperra, o chuveiro queima, o seu cotovelo bate naquela quina da qual ainda não desvia intuitivamente,”

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