O Escritor, entre Herodes e o Profeta – uma lição de T.S. Eliot, Fujimura e Flannery O’Connor
– por Hugo Langone
E este mistério jaz na matéria mais bruta que pode haver: do cotidiano à baixeza de um rei embriagado. “A ficção”, confirma a senhorita O’Connor, “diz respeito a tudo o que é humano, e nós somos feitos de pó; e, se ficar empoeirado é algo que lhe desperta desprezo, você não deveria tentar escrever ficção. Não se trata de um ofício grandioso o suficiente”. Pois o artista conserva precisamente a loucura do santo: a de estar metido na poeira de si, dos outros, do mundo, entrevendo nesta secura, nesta fraqueza, uma presença que talvez ele não saiba como, mas acaba por insinuar.