Sem alarde e com tímida divulgação, o mercado editorial brasileiro recebe pela segunda vez uma obra de Dag Solstad (nascido em 1941), considerado um dos mais notáveis ficcionistas noruegueses da atualidade: Pudor e Dignidade (“Genanse og verdighet”, editora Numa, tradução direto do norueguês por Grete Skevik), publicado originalmente em 1994. Suas cerca de 150 páginas podem ser lidas de uma só vez, graças à prosa fluida e percuciente, embora a assimilação pelo leitor não seja tão fácil e ligeira; é com a inquietação, o desconsolo e o amargor de uma crise do protagonista que veremos toda a sua vida ser revista e reavaliada a partir de um momento que parecia ser, a princípio, de iluminação e epifania, para logo se precipitar num abismo de ira, frustração e impotência.