Encontro Marcado – um conto de Gabriel Coelho Teixeira

As tão esperadas férias finalmente raiaram junto com o Sol naquela manhã de início de julho, e o jovem, ansioso, não tardou a agir: aprontou-se logo, despediu-se dos pais e apanhou da caminhonete, partindo da capital para o interior, onde passaria os próximos trinta dias em casa de parentes.

Depois de umas tantas horas dirigindo pela rodovia, chegou na residência do tio, que o recebeu na porta acompanhado da mulher e dos filhos. A vida ali era um tanto diferente da cidade, mas o jovem se animava com aquilo: a casa humilde, os hábitos simples, o chão de terra, as árvores, os animais, os primos. Tão feliz se sentia que, quando deu por si, a primeira semana estava já por terminar.

Sábado de manhã, o tio solicitou:

— Pegue da minha caminhonete e vá ao mercado, precisamos repôr alguns itens.

E assim procedeu o rapaz.

Chegando na venda, estacionou, apanhou um cesto de compras, numa estante retirou um item, numa prateleira apanhou outro. Ia seguir à busca do resto quando, súbito, estacou. O corpo ficou gélido, a cor lhe fugiu das faces, um frio subiu pela espinha, os pêlos eriçaram: à sua frente, parada, encarando-o, estava a Morte. E a face dela refletia o espanto do seu rosto.

O garoto voltou a si, jogou tudo ao chão, correu para a caminhonete e disparou para a casa do tio.

Lá chegando:

— Tenho que ir embora! Acabei de me deparar com a Morte! Por pouco escapei dela. Mas se permanecer aqui, ela há de achar-me!

E fugiu de volta para casa sem nem se despedir dos demais.

O tio, sentido pela partida do jovem e pela situação da qual escapara, indignou-se e tratou de ir ao mercado tirar satisfações com a Morte.

Chegando lá, encontrou-a tal qual relatara o sobrinho.

— Por que fizestes isto? Assustou meu garoto, fugiu daqui desesperado. — Esbravejava, num misto de revolta e lamentação. — Além do mais, ele é tão jovem. Por que viestes atrás dele?

— Meu senhor, me desculpe — replicou a Morte, compassiva. — Não foi nada disso. Tudo não passou de um mal entendido.

E emendou, esperando que aquele homem se acalmasse e a compreendesse:

— Eu também não esperava encontrá-lo aqui e a essa hora. Fiquei tão surpresa quanto seu sobrinho. Meu encontro com ele é só mais tarde, na cidade.